Autocontrole e regulação emocional na primeira infância

jul 3, 2023

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Olá, pessoal! Hoje vamos abordar o tema do autocontrole e da regulação emocional na primeira infância. Vamos explorar o impacto dessas habilidades no desenvolvimento das crianças e fornecer estratégias práticas para auxiliá-las nesse processo.

Vamos lá!

A educação socioemocional na primeira infância desempenha um papel crucial no desenvolvimento global das crianças, e o autocontrole e a regulação emocional são elementos fundamentais nesse processo. Durante os primeiros anos de vida, as crianças estão descobrindo suas emoções, aprendendo a lidar com frustrações e interagindo com o mundo ao seu redor. Nesse contexto, a capacidade de controlar impulsos, gerenciar emoções e regular comportamentos desempenha um papel vital na construção de habilidades socioemocionais saudáveis.

Pesquisas mostram que crianças que aprendem a desenvolver o autocontrole têm maior probabilidade de ter sucesso acadêmico, ter relacionamentos saudáveis, resolver problemas de forma construtiva.

Você conhece o teste do marshmallow?

Criado no final dos anos 1960, o teste do marshmallow reunia uma série de experimentos de psicologia que tinha como objetivo avaliar a capacidade de crianças em abrir mão de um prazer imediato em troca de uma recompensa maior no futuro.

Agora vamos entender rapidamente como funcionou o teste:

Em 1960, o pesquisador Walter Mischel iniciou uma série de experimentos extremamente importantes no campo da psicologia comportamental. Durante os testes, Mischel e sua equipe testaram centenas de crianças, com idade média entre 4 e 5 anos.

O experimento começava com as crianças sendo levadas até uma sala pequena, onde recebiam a seguinte instrução:

“Eu vou deixar você aqui, por 15 minutos, sozinha com um marshmallow. Se após eu voltar, esse marshmallow continuar aqui, você receberá mais um, de forma que você então fique com dois”.

Bom, pedir para que uma criança de 4 anos espere 15 minutos para comer algo que ela gosta, É pouco provável que consiga esperar por tanto tempo. Contudo, esse era o trato:  um marshmallow agora, ou dois marshmallows daqui 15 minutos.

O pesquisador então deixava a sala, e permanecia visualizando o comportamento das crianças através de câmeras de vídeo.

Você pode conferir, esses vídeos que são extremamente engraçados. Isso porque embora muitas crianças escolhessem comer o marshmallow assim que o pesquisador deixava a sala, outra parte das crianças começava a utilizar todo tipo de estratégias para combater o ímpeto de comer. 

Algumas crianças se sentavam em suas mãos, outras permaneciam olhando para cima, e outras ainda ficavam cantando, como uma forma de se distrair, e com isso deixar o tempo passar.

Quando esses experimentos foram publicados em 1972, eles não receberam tanta atenção. Isso porque a parte mais interessante aconteceu apenas anos depois.

Novo teste com as crianças do vídeo, anos mais tarde

Anos após seu experimento inicial, Mischel conduziu alguns outros testes com a finalidade de rastrear o progresso das crianças em diferentes áreas. Seus achados foram surpreendentes!

As crianças que escolheram esperar, e postergar sua gratificação, tiveram melhores notas na escola, melhores respostas a estresse, menores níveis de obesidade e de abuso de drogas (álcool, por exemplo), e melhor estabilidade financeira. Isso sem falar em melhores habilidades sociais (como relatado por seus pais), e melhores pontuações em uma série de outras medidas.

Os pesquisadores acompanharam as crianças por mais de 40 anos, e todas as vezes que eram testadas, o grupo de pessoas que havia esperado pelo segundo marshmallow possuía melhores índices em uma vasta gama de medidas de sucesso.

Em outras palavras, os pesquisadores encontram ao menos uma das habilidades mais importantes para o nosso sucesso: a habilidade de esperar por uma gratificação, ou como é também chamada, a “Gratificação Tardia”.

Autocontrole é uma aptidão natural ou pode ser desenvolvido?

Na sua percepção, essa “ gratificação Tardia,” isso é, o autocontrole é uma aptidão natural ou pode ser desenvolvido?

Acredito firmemente que o autocontrole é uma habilidade que pode ser desenvolvida.

Por isso podemos proporcionar para as crianças pequenas, atividades e experiências que as ajudem a lidar com as emoções e com seus sentimentos, ajudando no desenvolvimento do autocontrole e da regulação emocional.

Agora vamos então partir para analisar atividades que podem ajudar a criança a desenvolver o autocontrole e a regulação emocional:

Como lidar com as falhas e os acidentes nas atividades?

Todos falhamos e erramos, mas quando uma criança erra, tendemos a recriminá-la pela sua falta de cuidado e atenção.

Na sala de aula podemos criar um ambiente acolhedor que ajude a criança a lidar com a frustração de um acidente.

Por exemplo: Durante uma atividade de pintura, uma criança pode acidentalmente derramar tinta em sua atividade.

Como lidar?

  1. Reconhecer que acidentes acontecem: não houve a intenção de derramar, estragar ou danificar a atividade.
  2. Soluções para aquela situação: como lidar com a tinta derramada? Primeiro limpar a tinta. Isso ajuda a criança a perceber o feito entre a causa e consequência: Sujou, limpamos. 
  3. Análise da situação da atividade: Dá pra “consertar” a atividade ou vai precisar começar de novo? Sugira opções e deixe a criança escolher como ela gostaria de resolver. SE ela quer recomeçar ou dar um “jeitinho” da atividade mesmo manchada de tinta.

Nesse processo estamos ensinando como a criança pode se regular emocionalmente e lidar com a frustação, não negando a emoção, mas aprendendo a reagir depois que sente a emoção. No final da atividade com a classe, podemos compartilhar como foi a experiência para as crianças. 

  • O que fazemos quando derrubamos a tinta?
  • O que sentimos quando danificamos o trabalho?
  • Como reagimos quando estamos frustrados e bravos?
  • Quais sensações que temos?
  • Como podemos pedir ajuda?

Como já falamos antes, gostaria de reforçar a ideia: a educação socioemocional é um componente curricular que faz parte da BNCC e nós como professores devemos incluir oportunidade para falar sobre as emoções de forma lúdica, em um ambiente acolhedor a nossa sala de aula. 

A gente aprende a lidar com as situações na medida que vamos tendo experiências e vivências.

Utilizar as atividades do dia a dia da sala de aula são a melhor forma de tornar a educação socioemocional parte do currículo.

E você?

Como tem lidado com as situações na sua sala de aula?

Tem aproveitado as experiências do dia a dia dos pequenos para conversar sobre as emoções, desenvolver estratégias para lidar com a frustração e reconhecer os sentimentos?

Acredito que a autopercepção e a consciência é que pode gerar mudança de comportamento, começando primeiramente em cada um de nós!

Vamos juntos transformar a sala de aula em um ambiente acolhedor e ter intencionalidade no ensino da educação socioemocional.

Eu sou Leticia Bechara consultora educacional e quero ajudar você a pensar nas práticas para o dia a dia da sala de aula.

A gente se vê! Até mais!

Leticia Bechara

Leticia Bechara

Consultora Educacional

Pedagoga, Administradora e Mestre em Educação, Pós-graduada em Gestão Estratégica de pessoas.

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